José Ramos - O Açougueiro

José Ramos é, sem sombra de dúvidas, o principal elemento dessa espantosa história sobre os crimes hediondos que abalaram os distintos provincianos portoalegrenses do século XIX.

Consta que, Ramos era o filho mais velho, de Manoel Ramos e Maria da Conceição. Manoel foi servidor de num esquadrão de cavalaria de Bento Gonçalves durante a Revolução Farroupilha, todavia desertou e fugiu para Santa Catarina onde fixou residência.

Era hábito de o pai contar façanhas da revolução, ouvidas com admiração por Ramos. Aqui, segundo a história, Ramos insistia ao pai que contasse amiúde as investidas do esquadrão ao toque de "degolar". José Ramos era demonstrava especial interesse acerca dos detalhes empregados sobre modo de aplicar a degola.

Ramos, na juventude, vendo sua mãe ser agredida pelo pai embriagado, toma uma faca e projeta contra seu progenitor ferindo-o gravemente, levando a morte em poucos dias.

Esse episódio leva Ramos a retirar-se para a Província de São Pedro, onde se estabelece como soldado da Polícia, exercendo a função de maneira digna, até o dia que é flagrado tentando degolar um preso célebre de alcunha Campara, uma espécie de Robin Hood dos Pampas, sob o pretexto de que esse tentava fugir.

Dada a repercussão, é exigida a baixa de Ramos, passando este a servir como informante da Polícia, subordinado diretamente ao Chefe de Polícia.

Diz-se de Ramos que era um sujeito mestiço claro, olhos enormes, voz sinistra, barba rala, alto e de extraordinária força física e sempre exageradamente perfumado. Vestia-se de maneira impecável e possuía razoável nível de instrução. Homem religioso e sensível, ramos ia a missa, e demonstrava grande interesse pelas artes. Gostava de ler poesias e, sobretudo, tinha na musica a maior de suas predileções. José Ramos era conhecido freqüentadores do Teatro são Pedro ante a sua assiduidade aos espetáculos daquela casa. Irônico que um sujeito que passava o dia inteiro com o cutelo em punho entre as carnes cultivasse tais hábitos.

Mas, no intimo desse mesmo indivíduo sedutor, habitava um chacal que sucedeu vários ataques subtraindo a vida várias pessoas utilizando a carne dessas para fabricar lingüiça. Ramos, curiosamente, cultivou um hábito especial na pratica de seus crimes; tinha fascínio em degolar suas vitimas. Com isso, Ramos levava a sociedade a praticar o canibalismo inconsciente, já que todos se deliciavam com a iguaria apetitosa que o Açougueiro produzia.

Principais Personagens

Dentre os diversos personagens dessa história, alguns se destacam sobremaneira aos demais, no desenrolar dos fatos sucedidos. São Eles:

José Ramos: O Açougueiro da Rua do Arvoredo

Catarina Palsen: Esposa de José Ramos

Dário Callado: Chefe de Polícia

Carlos Klaussner: Açougueiro da Rua da Ponte com quem Ramos aprendeu o Ofício

Nos próximos posts, serão detalhadas algumas características do perfil dos personagens aqui identificados.

O Blog

Meu primeiro contato com o assunto aconteceu por meio de crônica publicada no Jornal Zero Hora. Mais tarde, já na Faculdade de Direito, uma das leituras obrigatórias era o livro "Cães da Província", de Luiz Antônio Assis Brasil, ocasião em que voltei a ter contato com o episódio sobre os crimes da Rua do Arvoredo.

Li, recentemente, o "Maior Crime da Terra", do Prof. Décio Freitas, a quem podemos nos reportar como maior autoridade nesse tema. Também li Canibais, do David Coimbra, que nos oferece uma visão mais romântica dessa história. Entretanto, prefiro as obras com sentido histórico.

A razão de criar esse blog, consiste em dar propagação a esse acontecimento que está, sobremaneira, inserido na história de Porto Alegre.

Uma vez que não sou cronista, tampouco escritor, muito menos dotado de qualquer faculdade literária, tão somente um acadêmico curioso que resolveu estudar um fato relevante, íntimo a Capital do RS que, em decorrência, dos acontecimentos, desenrolaram uma série de fatos na vida dos habitantes daquela época, pretendo transformar este blog um espaço de discussão por aqueles interessados sobre o assunto.